Será que não recuperaremos mais o sentido amplo da colocação “livre escolha”? Será que estamos destinados ao protecionismo do “eu” deixando de lado o “outro”? Acredite a grande inundação de pensamentos protetores do “eu” mostra que as escolhas pessoais possuem um preço alto. O valor é a abstenção do convívio entre pessoas com pensamentos e gostos diferentes. Hoje o meio mais escolhido para esta divulgação são as redes sociais.
Nosso pensamento egocêntrico nas mídias sociais indica tal fato, transformando nossas ideias em verdade única. Porém, a proposição de Descartes cogito, ergo sum nem de longe é capaz de representar com naturalidade aquilo que somos. Ao contrário, cogito — que, como todos sabem, significa pensar — deveria ser traduzido como a ação de dialogar, relacionar e aceitar. Assim, poderíamos dizer: “Sim, eu existo”, sem uma conta de subtração que elimina tudo aquilo que não aceitamos.
O mau uso das ferramentas tecnológicas existentes hoje nos aprisiona em pensamentos próprios. Para mudar isso, devemos somar aos nossos relacionamentos o discurso, aceitando não somente os pensamentos contrários, mas também o outro; estabelecendo, assim, a livre escolha como mão dupla. Neste fluxo, podemos seguir tendo a certeza de que a simplicidade de um bom diálogo nos relacionamentos e a aceitação tornam nossa vida on-line ou off-line mais interessante e verdadeira.
Por Artur Gueanori