Liga Brasileira de Editoras publica manifesto contra a privatização dos Correios

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Da redação, 05/08/2021

Liga Brasileira de Editoras publica manifesto contra a privatização dos Correios

Editoras de livros se unem contra privatização dos Correios

 

Está em discussão no momento em Brasília, a privatização dos Correios. O debate ocorre na Câmara dos Deputados, sob o PL (Projeto de Lei) 591/21, do governo, que prevê a venda da estatal. Diante disso, a Libre (Liga Brasileira de Editoras) se uniu aos grupos Coesão Editorial e Minas pelo Livro para compor manifesto contra a privatização.

O texto do relator, deputado Gil Cutrim (PDT-MA), está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados. É importante destacar que o projeto não foi debatido, nem tampouco votado pela comissão especial.

O correto, adequado, diante da relevância do tema, seria o debate aprofundado sobre o tema nas comissão da Casa, antes de levar o projeto à votação no plenário. Em razão disso, o projeto e o parecer do relator estão inteiramente comprometidos.

 

Ampla união contra o projeto do governo

 

Ao todo, os três coletivos se reúnem a mais de 300 editoras, de acordo com os organizadores.

Para os signatários do documento, o que está em jogo é a garantia de que os livros continuarão a chegar a todos os lugares do País por preço razoável. Hoje, os Correios dispõem de serviço específico para livros, o Impresso com registro módico, que pratica preço econômico para o envio de livros em atendimento nacional.

A logística garantida pelos Correios como empresa estatal ficará comprometida quando interesses privados julgarem a viabilidade econômica da capilaridade dos Correios e submeterem essa decisão ao Conselho Administrativo de uma empresa sem compromisso com o País, apenas com o lucro imediato”, está escrito no documento.

 

Garantia de melhores serviços não existe

 

Os editores reconhecem que todos já tiveram problemas com a estatal, “mas nada garante, pelo contrário, que tal empresa, privatizada, terá serviços melhores”.

O que está por trás da venda dessa empresa pública é tremendamente prejudicial para a sociedade brasileira. Muitos pequenos empreendedores, como nós, editoras pequenas e independentes, sobretudo os que estão fora do eixo Rio-São Paulo, junto de autores e autoras independentes, sofrerão com possíveis aumentos de tarifas e a exclusão dos envios exclusivos para livros ou documentos, que nos possibilitam enviar livros para todo o país num preço dentro de uma categoria módica, buscando amenizar o valor o frete”, é a conclusão do manifesto.

Leia abaixo a íntegra do manifesto:

 

Não à privatização dos Correios!

Posicionamento da Libre (Liga Brasileira de Editoras) e do Grupo Minas Pelo Livro

Sobre o Projeto de Lei 591/21

Nas próximas semanas ou após o fim do recesso parlamentar, começarão os embates sobre a privatização dos Correios na Câmara dos Deputados, que discute o Projeto de Lei 591/2021.

A Libre (Liga Brasileira de Editoras) acredita que a simples proposição desta privatização é um equívoco, com impacto negativo para a circulação e para a composição final do preço do livro no País. Por isso, e por acreditar que a proposta não deve prosperar, nos posicionamos claramente contra a privatização.

Os Correios são uma das instituições públicas mais antigas do País. Foram um elemento fundamental no processo de integração territorial brasileiro. Além disso, é uma empresa lucrativa, com lucro líquido de R$ 1,5 bilhões em 2020.

Como já apontou o pesquisador Igor Venceslau, “a maioria dos países tem absoluta noção do que significa para a soberania nacional entregar um serviço estratégico para uma empresa privada, principalmente no caso de empresas estrangeiras como FedEx, DHL ou Amazon, que já anunciaram interesse na compra dos Correios”.

Segundo Venceslau, a tentativa de privatizar os Correios põe em jogo não apenas o fluxo de mercadorias e a articulação espacial do país, mas também, e principalmente, “as informações do cadastro de endereços e o que chega aos domicílios. O princípio da inviolabilidade postal não estaria garantido em empresas que já demonstraram como tratam os dados dos consumidores”.

É importante levar isso e muito mais em conta quando se pensa na venda dos Correios.

Para os editores, está em jogo também a garantia de que os livros continuarão a chegar a todos os lugares do país por um preço razoável. A logística garantida pelos Correios como empresa estatal ficará comprometida quando interesses privados julgarem a viabilidade econômica da capilaridade dos Correios e submeterem essa decisão ao Conselho Administrativo de uma empresa sem compromisso com o país, apenas com o lucro imediato.

Hoje, os Correios estão presentes em todos os municípios brasileiros: uma empresa privada manterá essa rede operante?

Todos já tivemos problemas com os Correios. Até por conta da quantidade de tarefas que ele se propõe a fazer. Mas nada garante, pelo contrário, que tal empresa, privatizada, terá serviços melhores.

O que está por trás da venda dessa empresa pública é tremendamente prejudicial para a sociedade brasileira. Muitos pequenos empreendedores, como nós, editoras pequenas e independentes, sobretudo os que estão fora do eixo Rio-São Paulo, junto de autores e autoras independentes, sofrerão com possíveis aumentos de tarifas e a exclusão dos envios exclusivos para livros ou documentos, que nos possibilitam enviar livros para todo o país num preço dentro de uma categoria módica, buscando amenizar o valor o frete.

Os prejuízos da privatização dos Correios são enormes e em muitas frentes.

A Libre, assim, em defesa da democratização do acesso ao livro e à leitura, em defesa dos pequenos e médios editores, e na luta contra a privatização dos dados pessoais dos brasileiros, se posiciona de forma contrária ao proposto no Projeto de Lei 591/21.

Assinam também este manifesto os coletivos Minas pelo livro e Coesão Editorial, além de 83 editoras independentes abaixo listadas:

1. Alameda Editorial
2. Aletria
3. Aliás Editora
4. Editora Anita Garibaldi
5. Armazém da Cultura
6. Autonomia Literária
7. aziza editora
8. Editora Bamboozinho
9. Bandeirola
10. Bazar do Tempo
11. Boitempo
12. C/Arte
13. Cas'a edições
14. Sebo Virtual Clube Arte Impressa
15. Comunicação de Fato Editora
16. Contafios
17. Cora Editora
18. Cortez Editora
19. Crivo
20. Curva
21. Dita Livros
22. Dublinense
23. Editora Biruta
24. Editora Cosmos
25. Editora de Cultura
26. Editora Luas
27. Editora Metamorfose
28. Editora Piu
29. Editora Senac
30. Editora Zouk
31. EIS Editora
32. Estação Liberdade
33. Fino Traço
34. Francesinha
35. Gulliver
36. Impressões de Minas Editora
37. Jaguatirica
38. Jandaíra
39. Jujuba
40. Libretos
41. Lúcida Letra
42. Luva
43. Macondo
44. Magia dos Livros
45. Mauad
46. Mazza Edições
47. Memória Visual
48. Mercurio Jovem
49. Meridional / Sulina
50. MRN Editora
51. Mundaréu
52. NegaLilu Editora
53. Nós
54. Nova Alexandria
55. Numa Editora
56. Oficina Raquel
57. ÔZé
58. Páginas Editora
59. Pallas
60. PanaPaná
61. Papagaio
62. Parábola Editorial
63. Paratexto
64. Phonte88
65. Pinakotheke
66. Primeiro Lugar
67. Quintal
68. Quixote+DO
69. Relicário
70. Saíra Editorial
71. Sebo Clepsidra
72. Semente Editorial
73. Sobinfluência Edições
74. Solisluna Editora
75. Sundermann
76. Sur livros
77. Terceiro Nome
78. Tipografia do Zé
79. Tomo Editorial
80. Ubu Editora
81. Venas Abiertas BH
82. Vermelho Marinho
83. Volta e Meia
84. Nankin
85. Moinhos


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