Cada vez mais devemos reconhecer que a tecnologia chegou também à literatura! Hoje existem redes sociais especializadas, o crescimento do formato e-book, os financiamentos coletivos. Sem contar os aplicativos de mensagens para celulares que proporcionam difusão em grande escala de qualquer tipo de arquivo, inclusive o texto literário. Tudo o que conhecíamos sobre as mídias de informação vem se reciclando.
Paralelamente a isso, cada vez mais escritores estão se voltando para o público local. Pensando nisso, hoje falaremos sobre associações, especificamente associações literárias.
O centro-oeste paulista está vivendo um momento histórico e esplêndido na produção literária. Cada vez mais escritores estão se organizando e criando associações para fomentar a literatura local e projetos que vão desde sarais, produção de livros artesanais até a antologias em grupo, driblando, assim, a falta de incentivo e descaso para com a literatura, resultante de políticas sem clareza e sem nenhum investimento exclusivo para esta arte.
O fato é que vários setores da sociedade já aderiram à criação de associações para conseguir resultados expressivos, tanto na produção quanto na divulgação e venda de qualquer tipo de produto. Contudo, nas artes, esta organização de pessoas ainda não era uma realidade. Alguns grupos artísticos pioneiros realizam tal trabalho há algum tempo em várias capitais do nosso país, mas não passam disso.
Quando procuramos e encontramos essas associações, notamos a ocorrência ali de parcerias que ultrapassam as características dos textos produzidos. Ou seja, esses textos eram produtos de experiências de vida, cruzando com outros diversos textos e histórias distintas. Sendo assim, em jogo está a arte e não o gênero de cada autor. Em jogo está o prazer de escrever.
Sabemos, porém, que, com o tempo, certamente correntes literárias poderão surgir, mas, se isso acontecer, será somente o fruto, o resultado de um trabalho realizado por tais associações, produtiva em conteúdo de qualidade e capaz de inspirar outros autores.
Mesmo assim, não existe uma receita de sucesso, a única possibilidade é testar — várias vezes se for preciso. A melhor opção é tentar encontrar um grupo de escritores, com o mesmo interesse. Pessoas, acima de tudo, capazes de trabalhar em grupo e pensar em grupo em prol de uma associação, trabalhando sem taxação ou exclusão, pois cada autor deve considerar se os propósitos da associação são os mesmos dele. Com certeza, se não o forem ele deixará a associação por conta própria.
Num primeiro momento, até os autores que buscam a autopromoção serão importantes.
Outra questão é fazer com que a associação seja um ambiente isento de ideologias políticas e religiosas. Conseguindo isso, a probabilidade de a associação dar certo é muito maior.
Eu, como representante de uma dessas associações, digo:
— Associe-se! Para nós amantes da literatura, este é o melhor caminho, principalmente por trabalhar a literatura no nosso quintal, nas nossas cidades, na nossa região, sem pensar no grande mercado editorial. Sei também que isso é importante, mas ter o controle e o prazer de trabalhar com o seu livro, seja artesanal ou não, certamente é imensurável.
Pesquise sobre estas associações, busque informações, veja se existem associações literárias na sua cidade, na sua região. Interaja com outros escritores, pois estas experiências trocadas servem para nutrir o universo literário cada vez mais vivo e presente na nova realidade do interior paulista e certamente servirá para o resto do nosso país, tão grande e com tanta necessidade de produções literárias independentes.
Por Artur Gueanori