Casa de dublagem UP Voice elege um paraguaçuense como melhor tradutor

No último sábado, dia 18, a casa de dublagem UP Voice de Campinas realizou o UP Talent — premiação dos dubladores, tradutores e diretores de dublagem que se destacaram em 2015 e começo de 2016. As categorias eram dublagem infantil, dublagem mirim, voz caricata, comédia feminina, comédia masculina, drama feminino, drama masculino, narração, tradução e direção. Concorrendo com outros 14 profissionais, o paraguaçuense Vinicius Tomazinho levou o troféu de melhor tradutor. Abaixo, ele fala para o portal OnLiterário um pouco sobre o prêmio e seu trabalho, confira:

 

Vinicius, parabéns pelo prêmio. O que ele representa para você?

Obrigado. Este prêmio representa 10 anos de muita dedicação e empenho, ou seja, toda a minha carreira como tradutor até agora. É muito legal a UP Voice ter tido essa iniciativa de premiar seus destaques, primeiro porque não é toda empresa que faz isso e segundo porque se trata de profissionais que trabalham nos bastidores e não aparecem na tela. No caso dos dubladores, vai ao ar somente a voz deles. E, no meu caso, o espectador só ouve o que eu escrevi para o dublador falar.

 

Fale um pouco sobre a casa de dublagem UP Voice de Campinas.

A UP Voice faz a dublagem, ou podemos chamar também de versão brasileira, de programas da FOX, FOX Life, E!, TruTV e National Geographic. É uma empresa relativamente nova, tem quase dois anos de existência. Mas todos os seus funcionários e, sobretudo, o CEO, Roberto Ciantelli, são bem experientes. E isso fica evidente na própria dublagem que vai ao ar.

 

Como você começou a fazer tradução para dublagem?

Quando falo que sou tradutor de programas de TV, muita gente confunde e acha que sou o dublador. Na verdade, o dublador é um ator credenciado que empresta sua voz para o personagem. O meu trabalho é pegar todas as falas em inglês e adaptar para o português. Digo “adaptar” porque muitas vezes é o que acaba ocorrendo, principalmente com piadas, trocadilhos e outras situações que não ficam legais se traduzir ao pé da letra. Então, resumindo, eu escrevo o que o dublador deve falar.

Voltando à sua pergunta, eu fiz faculdade de Tradutor na UNIVEM, em Marília. Curso já extinto, infelizmente. Em 2005, no último ano do curso, havia a matéria de tradução de mídia. Nessa oportunidade, eu aprendi a fazer legendas e a tradução de dublagem. No fim daquele ano, minha professora Thelma Nobrega nos levou para fazer uma visita à casa de dublagem SP Telefim, em São Paulo, onde ela trabalha até hoje. Depois disso, fiz um teste, passei e, em 2006, comecei a trabalhar como tradutor. É uma empresa bem famosa responsável pela versão brasileira do canal History e outros. E até hoje eu trabalho lá. No começo, havia mais programas legendados do que dublados. Por isso, durante uns 7 anos, eu só fiz legendas. Com o passar do tempo, quase todos os canais optaram pela dublagem, e então fui obrigado a mudar o estilo. E, de fato, são técnicas bem distintas. Hoje é muito raro eu fazer legendagem. Depois, em janeiro de 2015, surgiu essa oportunidade de trabalhar com a UP Voice, em Campinas. Fui indicado e adorei poder fazer parte dessa empresa com espírito jovem e muita dinamicidade, tanto é que hoje a maior parte das traduções que faço é para a UP Voice.

 

Como é fazer e qual as maiores dificuldades desse tipo de tradução?

O que precisamos ter em mente é que, para uma dublagem ser boa, ela tem que parecer o original. Então, se o personagem engasga, gagueja, ri ou grita, o dublador também vai ter que fazer isso. Além disso, o tempo da fala e o linguajar são importantes. Eu não posso escrever um texto enorme para uma fala pequena, ou o contrário. Senão, vai acontecer o que vocês já devem ter visto, alguém mexendo a boca várias vezes para dizer “olá”, por exemplo. Também devo respeitar como uma criança fala ou um senhor de idade, por exemplo. Agora, fora a técnica, a dificuldade que encontro é algum termo técnico, dependendo do programa que estou traduzindo, ou alguma gíria. Por isso, sempre faço muitas pesquisas em dicionários, no Google ou em sites específicos. Também julgo importante consultar profissionais da área. Por exemplo, certa vez, traduzi um programa sobre doenças infecciosas e tive que tirar algumas dúvidas com o professor de Biologia Henrique Rosa. Mas isso é até corriqueiro.

 

Fale sobre os programas que você já traduziu. Existem alguns conhecidos?

Para a UP Voice, eu já traduzi toda a temporada de “O Mundo é dos Espertos”, a segunda temporada de “Dinheiro Sujo”, a segunda temporada de “Fugidos do Caos”, alguns episódios de “A Família Busca Peixe”, todos do National Geographic. Para o canal TruTV, eu já traduzi toda a temporada de “Bartalha” e alguns episódios de “Animais se Comportando Mal”. Para a FOX Life, já traduzi alguns episódios de “Undercover Boss” e “Kitchen Nightmares”. E, para o canal E!, alguns episódios de “Project Runway”, “Stewarts and Hamiltons”, “Made in Chelsea”. Traduzi alguns filmes também, mas não posso citar aqui porque não foram ao ar. Mas aguarde, ainda há muitas novidades. Normalmente, eu divulgo a estreia do programa no meu perfil do Facebook. 

 

Obrigado pelas respostas. Por fim, diga-nos uma última coisa, você já esperava o reconhecimento do seu trabalho e a vitória nesta premiação?

Sinceramente, não. Foi a primeira vez que a UP Voice incluiu a categoria de tradução no UP Talent. Na primeira edição do prêmio, no ano passo, não havia. Além disso, eu sabia que estava concorrendo, mas não fazia ideia do número de tradutores concorrentes. Foi uma surpresa muito legal. Muito obrigado, OnLiterário.

 

Vinicius Tomazinho, além de atuar como tradutor, também realiza diversos trabalhos como revisor. Para nós, ele é um dos melhores profissionais com quem já trabalhamos. Para aqueles que ainda não sabem, é ele quem faz a revisão de alguns textos do OnLiterário. Esperamos que você cresça ainda mais na sua área de atuação. No que você precisar de nós do portal OnLiterário, pode contar. Para conhecer mais o trabalho do nosso entrevistado acesse AQUI

É incrível como os talentos não param de surgir na nossa região, não acham?

Foto: Certificado e troféu em formato de dublador

 Artur Gueanori Por Artur Gueanori