A entrevista de hoje é com o escritor Ramon Barbosa Franco. Ele mora e atua profissionalmente na cidade de Marília/SP. Jornalista por profissão e escritor por paixão. Foi editor chefe de um jornal na cidade de Marília e hoje trabalha na Câmara Municipal dessa mesma cidade. Na sua vida de escritor coleciona algumas publicações, inclusive no Mapa Cultural Paulista.
O seu primeiro Romance é A Próxima Colombina, uma narrativa policial, no qual ele introduz ao enredo policial, muitas características do interior paulista. Essa entrevista inclusive nasceu a partir da resenha publicada no nosso portal OnLiterário. Recomendamos a leitura da resenha para entender melhor o enredo do livro. Agradecemos ao escritor pelas palavras concedidas nesta entrevista.
1 – Ramon como surgiu a vontade de escrever um romance policial e quando você começou a pesquisar material para dar vida a este livro?
Resposta – O desejo de escrever um romance, um texto de fôlego, com uma estrutura mais complexa de personagens, suas vidas e suas características, enredo se passando num cenário recriado por mim, enfim, com todos estes aspectos que envolvem a estrutura de novela ou narrativa sempre me rondou. Minha relação com o gênero romance policial vem desde a adolescência, quando passei a ler as obras da romancista inglesa Agatha Christie e fui descobrindo que, com sutileza e elegância, era possível contar uma história terrível, assustadora e, recheada de surpresas. Começava a ler os romances de Agatha Christie e não queria mais largar mais o livro até saber quem era o assassino. Antes, ainda na infância, minha imaginação nesta área era estimulada através de um jogo de tabuleiro que era o predileto das noites em que não tinha que fazer tarefa de casa: ‘Detetive’. De Agatha Christie passei a ler os contos de Sherlock Holmes, escritos pelo também escritor inglês, Arthur Conan Doyle. Assim, segui lendo os autores clássicos das histórias de detetive, passando para o Edgar Allan Poe e, quando estava no Ensino Médio, me chega às mãos um livro da coleção ‘Para Gostar de Ler’, só com histórias de detetives escritas por autores brasileiros. Mas, ia me esquecendo. No primário, e cursei todo o Ensino Fundamental na escola Coronel Antônio Nogueira, o Grupão, em Paraguaçu Paulista, lia as obras da Coleção Vaga-Lume. Foi quando conheci o trabalho de Marcos Rey, que produzia histórias eletrizantes, envolvendo mistérios e com boa parte do enredo se passando em São Paulo.
Com esta conexão entre Marcos Rey e as histórias de detetive escritas por brasileiros, passou a germinar na minha imaginação literária a produção de um romance policial ‘na roça’, ou seja, uma história de suspense se passando numa atmosfera bem próxima do que eu vivo: cidade média do Interior de São Paulo, as pessoas se reconhecendo uma nas outras, encontrando e reencontrados amigos numa simples ida ao comércio, a proximidade do campo com a área urbana, nossos mitos, a musicalidade própria que nos cerca. Basicamente a pesquisa para a composição do romance policial ‘A próxima Colombina’ teve terreno fértil os anos em que estive exercendo a função de repórter policial de jornais em Paraguaçu Paulista, Assis e Marília. Mesmo depois, quando estava em outras editorias, acabava fazendo coberturas emergenciais para a editoria de polícia. Tudo isso foi sendo absorvido por mim tanto de forma direta, quando de forma indireta.
2 – No livro A Próxima Colombina encontramos alguns episódios que parecem reais. Você como jornalista já teve que trabalhar em algum, desses acontecimentos narrados?
Resposta – Realmente, muitos dos episódios que transformei em literatura, em ficção, tiveram sua origem na vivência de repórter policial. Presenciei muitas das reações e fatos que estão no cotidiano do delegado Lúcio, o personagem central do romance. É com ele que expresso o meu testemunho de repórter policial. Vários acontecimentos da rotina da delegacia de Lúcio eu presenciei na função de jornalista. Por diversas vezes precisei entrar em ambientes que foram palcos de assassinatos, de crimes passionais. Cômodos revirados e ainda com o sangue da vítima, vizinhos assustados com o que havia passado e todo o trabalho policial comendo solto, com a perícia fotografando e o delegado iniciando a investigação.
3 – Tem algum personagem ou história que você colocou por algum motivo especial?
Resposta – Creio que, de certa forma, o enredo foi composto com episódios que reforçaram esta atmosfera de romance policial na roça, com uma identidade regional muito própria. Por exemplo, algumas histórias foram recriadas por mim a partir das histórias que meus avôs me contaram. Também recriei situações que vivi na infância. Mas, isso tudo, teve por objetivo conferir à trama de ‘A próxima Colombina’ esta ‘pegada’ de suspense do Interior. Tanto que para desvendar a série de assassinatos, Lúcio recorre a este clima que paira sobre a vida interiorana.
4 – Porque os leitores do OnLiterário deveriam ler e adquirir o seu livro?
Resposta – Acredito que um dos motivos é o prazer pela leitura. Escrevi justamente querendo presentear o leitor com uma história empolgante, recheadas de situações instigantes, inclusive com falsas pistas para não entregar de pronto quem é o vilão da trama. Algo bem próximo do que a Agatha Christie fez.
5 – Você está escrevendo algum outro livro neste momento, e o que podemos esperar dele?
Resposta – Sim, já tenho uma versão de ‘Os crimes ribeirinhos’, que é a continuidade de ‘A próxima Colombina’. Mas tive o cuidado para não compor este novo enredo com detalhes que revelasse o segredo da trama de ‘A próxima Colombina’. Então, a continuidade tem mais a ver com os personagens – retomo o delegado Lúcio – e com o ambiente da trama, o Interior de São Paulo. Como sou um discípulo do escritor norte-americano Ernest Hemingway, de ‘O velho e o mar’, pactuo do que ele dizia sobre a primeira versão de um original: ‘A primeira versão de um romance é mer...a’. Então, reescrevo, reescrevo até chegar ao ponto para ser apresentado à editora.
6 – Para concluir agradecemos novamente a entrevista concedida, e conte um pouco mais sobre o livro.
Resposta – ‘A próxima Colombina’ tem ingredientes de suspense e se ambienta numa cidade do Interior de São Paulo. De modo aleatório, mulheres da mesma faixa etária começam a aparecer mortas. Um misterioso pierrô passa do jogo de sedução numa paquera para o terror psicológico em suas vítimas. O romance tem elementos da cultura brasileira, uma linguagem de fácil acesso e, embora abordo coisas terríveis, como a violência e o assassinato, mantenho sutileza ao descrever a trama. Um escritor que leu o livro, logo nos primeiros dias após o lançamento, me disse uma frase que marcou: ‘Olha Ramon, o livro não é tão ácido como imaginei que fosse, por se tratar de um enredo com serial killer e tantas mortes’.
Por Artur Gueanori
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