Imagem: Reprodução
Quem nasceu primeiro o livro ou o jogo? Sim, é isso mesmo! Uma pergunta intrigante, tanto quanto a original. Porém, aqui vamos analisar a resenha da novelização (a transformação em livro) de um dos maiores jogos do Batman no momento.
Todos sabem que os jogos ultimamente vêm sendo materiais para a construção de enredos para o cinema. Seguindo tendência, hoje, apresento um livro que surgiu a partir de um jogo. Batman: Arkham Knight é um livro criado pelo escritor Marv Wolfman. Para os amantes de Batman, o enredo é, sem dúvida, mais um bom material do universo expandido do personagem.
O livro tem 269 páginas e foi publicado no Brasil pela editora DARKSIDE em 2016. Seguindo uma linha editorial de qualidade já conhecida, a editora trouxe um livro com uma tipografia excelente, superando a expectativa. É um livro com capa dura e com muito bom gosto. As páginas são todas pardas e contam com papel de boa espessura e qualidade. A diagramação apresenta bem o conteúdo. Há também mais alguns detalhes que deixamos para você, leitor, conferir.
Certamente, o nosso trabalho é dedicado à literatura; logo, não faremos ligações entre o livro e o jogo.
Resumo
Seus pedidos egoístas mataram seus pais.
Espero que o filme tenha valido a pena.
Ganhou pipoca e jujubas ao custo
da vida da mamãe e do papai.
Coringa
“O Coringa se fora...” Assim temos, no prólogo do livro, a cremação de um dos maiores vilões dos quadrinhos. O Coringa havia morrido, e esse é o contexto para todo o livro, pois, com sua morte, todos em Gothan acreditavam que algum outro maníaco iria assumir o posto do vilão e sua loucura. E é isso o que realmente acontece, transformando Gothan City em um caos.
O caos surge porque o Espantalho quer assumir o trono do coringa, o de maior vilão da cidade, e destruir o Batman. A partir desse momento, a história começa. O Espantalho começa a produzir a sua toxina do medo e ameaça soltá-la em Gothan. Ele e seus homens fortemente armados levam o medo a todos, num grau que nunca tinha acontecido. Todos entram em desespero.
Gordon faz o que é de praxe, tenta esvaziar a cidade, enquanto Batman tenta encontrar o Espantalho e terminar com o pesadelo daquela noite.
Muitos vilões surgem também, para aumentar a tensão, mas o grande mentor é o Espantalho e um novo aprendiz: Arkham Knight. Este, sim, passa a ser o grande pesadelo do Batman. Nos breves confrontos com o super-herói no livro, ele se mostra um personagem forte demais para o velho e cansado Batman.
Conforme a história se desenrola, é importante salientar que alguns amigos do Batman também aparecem, como: Asa Noturna, o próprio Robin e a oráculo. Arkham Knight, por sua vez, articula e some com a oráculo, deixando Bruce desesperado, levando-o a confessar para Gordon quem é a Batgirl e quem é a oráculo: Bárbara Gordon.
O que era difícil ficou mais difícil com o breve rompimento entre Batman e Gordon.
Batman consegue superar bastantes obstáculos e, com a ajuda da Era, ele também consegue minimizar os danos da toxina do Espantalho e prender o vilão.
O que segue é uma busca para saber por fim quem é o tal Arkham Knight. Batman consegue, porém a conclusão da trama deixamos para você, leitor.
Batman e os pesadelos
Durante toda a história, além de lutar contra vários vilões, incluindo o Arkham Knight, Batman precisa também lutar contra os fluxos de consciência que o perseguem. Neste livro, o Batman está literalmente à beira do abismo da loucura. Em muitos momentos, não é possível diferenciar a loucura dos vilões da própria loucura do super-herói. Isso eleva o grau de tensão do enredo, fazendo com que o leitor não desgrude o olho do livro.
Tudo isso acontece porque, antes de morrer, o Coringa injetou o seu próprio sangue no Batman. E, durante todo o enredo, as crises de consciência (os pesadelos) se dão por causa do medo. Medo de se tornar o próprio Coringa.
São interessantes o diálogo e a dualidade da construção do personagem Bruce (Batman) neste livro, visto que seus diálogos interiores são uma conversa com uma pessoa igual a ele, não mais com um louco e vilão; é uma pessoa que ele pode conversar e sentir dentro dele mesmo.
O filósofo Nietzsche num de seus muitos textos trata dessa dualidade que encontramos no Batman. Durante muito tempo, Batman fica lutando à beira do abismo da loucura, sugerindo até mesmo uma adoração ao sombrio e tudo que este abismo contém. Certamente, no final do livro Batman: Arkham Knight, não conseguimos ter certeza de que Batman conseguirá vencer a luta interior, uma batalha maior do que a que ele enfrentou contra o Espantalho e Arkham Knight.
Quando você olha muito tempo
para um abismo, o abismo olha
para você.
Friedrich Nietzsche
Portanto, o final misterioso do livro não implica o final dessa luta de um dos maiores personagens dos quadrinhos. Mas sabemos que haverá outro jogo e torcemos para que haja uma nova novelização também. Se teremos o Batman novamente, isso não sabemos ainda, porém sabemos que quem for o novo protagonista, possivelmente também herdará as dores e os pesadelos pessoais do super-herói.
Por Artur Gueanori
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