O multiverso criado por Stephen King

Stephen king é um dos autores contemporâneos mais populares do mundo, com um grande número de livros publicados. Porém poucos sabem que, apesar da grande variedade de personagens, lugares e contextos criados pelo mestre do terror, suas obras giram em torno de um eixo central: A Torre Negra, considerada pelo próprio escritor como a sua obra prima.

A inspiração para conceber o enorme romance da Torre Negra veio a King quando ele tinha apenas 19 anos. A história do pistoleiro Roland Deschain e sua busca quase doentia por esse monumento exigiu sete volumes e mais de 30 anos para ser concluída. Contudo, ela nunca deixou a mente do autor enquanto sua atenção se voltava para outros trabalhos. Sendo assim, entre a publicação do primeiro livro (1970) e do último (2003), muitos outros romances de Stephen introduziram vários elementos e personagens que seriam fundamentais para a construção de sua saga épica.

É válido esclarecer desde já que a leitura desses outros exemplares não compromete o entendimento da epopeia de Roland. Mas eles servem como um complemento para a obra ao detalhar melhor certos acontecimentos e a origem de alguns personagens importantes. Também não há uma sequência específica para lê-los, embora muitos leitores de King recomendem uma ordem que alterna com os livros da Torre, pois facilita a absorção de todas as referências. Só por isso já podemos ter ideia da complexidade que rege os universos concebidos por Stephen King ao longo de sua extensa carreira.

Assim, é possível mencionar alguns romances e contos que têm ligação direta com o mundo do pistoleiro. Um dos principais é a Dança da Morte, um dos maiores relatos do escritor. Nele, uma arma biológica elimina grande parte da população mundial. Na trama, o foco é direcionado a dois grupos de sobreviventes, sendo que um desses grupos é liderado por um sujeito chamado Randal Flagg. Quando lemos Mago e Vidro – quarto volume da série – Roland e seus amigos chegam a uma cidade dizimada por uma “super gripe” e, mais adiante em sua caminhada, deparam-se com um ser que alega ter muitos nomes, sendo Randal Flagg um deles. O mesmo personagem também aparece em Olhos de Dragão.

Mais ligações aparecem em outras histórias, como a narrada em O Talismã e em sua sequencia A Casa Negra. Aqui, o elemento de conexão é a viagem entre dimensões, muito explorada em toda a saga da Torre. Outros contam mais detalhadamente a trajetória de personagens fundamentais para a missão de Roland: o livro de contos Tudo é Eventual; A Hora do Vampiro (ou Salem); e Heart in Atlantis, sem tradução no Brasil, mas que já foi adaptado no filme Lembranças de Um Verão, com Anthony Hopkins. Por último podemos citar: Insônia, que mostra o Rei Rubro, arqui-inimigo dos pistoleiros; It – A Coisa, que apresenta o ser responsável pela origem do Universo; e a compilação de contos Tripulação de Esqueletos onde os personagens comentam os feitos de Roland de Gilead em sua jornada.

Sendo assim, livros que aparentavam possuir tramas independentes revelam-se partes de um conjunto maior. São peças de um móbile que gira em torno da tão sonhada Torre Negra. Ao percebermos isso, finalmente nos damos conta da complexidade desse multiverso e quão grandiosa é a imaginação de Stephen King

Nota: Agradeço ao amigo Edimilson de Assis Junior, o Cal, que sabe muito mais sobre o multiverso de King, e contribuiu informações sobre os livros que eu ainda não li.

Mozer Dias Por Mozer Dias

 

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