‘Os não-anistiados’, de Ricardo Santos da Silva, aborda militares da Associação dos Marinheiros
Em 188 páginas, professor da rede municipal de ensino de Marília traz a trajetória política de fuzileiros navais
Fruto de uma pesquisa universitária de dois anos, ‘Os não-anistiados: militares da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil’, acaba de ser lançado pela Dialética Editora. A obra de Ricardo Santos da Silva, professor que leciona na rede municipal de ensino e na rede estadual de ensino de Marília, tem 188 páginas. Silva é nascido em Santos, mas desde o ano de 2001 se mudou para Marília. Aqui cursou Ciências Sociais, e, depois, Pedagogia, na Unesp (Universidade Estadual Paulista).
“O Brasil passou por um período ditatorial, de 1964 a 1985, que durou vinte e um anos. Em 1979, na perspectiva estratégica de abertura lenta, gradual e segura seguiu-se a Lei de Anistia e a partir deste marco legal, começa a longa trajetória de centenas de militares e membros da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil”, informou.
A entidade, que congregava militares da Marinha, acabou extinta em 1964. O livro narra a tarefa política destes marinheiros e fuzileiros navais em conseguir avanços na legislação do Brasil, principalmente na composição de uma lei que contemplasse e pudesse retirar a condição de cassados. Como cassados, este grupo de militares acabaram não-anistiados pela legislação vigente desde 1979, portanto há mais de quatro décadas.
“O livro mostra a trajetória de marinheiros que atuaram politicamente, e por hipótese, como um Partido Militar, com o objetivo de conseguir avanços na legislação que alcançasse os militares punidos pelos Atos Institucionais que se seguiram sucessivamente após o golpe Civil-Militar de 1964. Aponta avanços e recuos destes militares na defesa de um pleito”.
Ricardo Santos da Silva levou dois anos para compor o livro e a produção incluiu pesquisa acadêmica, trabalho de campo e muita consulta a acervos públicos. O autor também realizou entrevistas com alguns remanescentes da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil. “Esse grupo teria, por hipótese, a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais como um partido militar. Um partido não no sentido institucional, mas como possibilidade histórica em determinado contexto, que foi a redemocratização brasileira”, observou.
A redemocratização tem como marco a Lei da Anistia, em 1979, e as eleições ocorridas nos primeiros anos da década de 1980. Após as eleições indiretas, realizada pelo colégio eleitoral formado por parlamentares na metade da década de 1980, o Brasil votaria às urnas para escolher presidente da República no ano de 1989.
Por Ramon Franco