Patriotismo, acima de tudo, é trabalho

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Da redação, 07/09/2021

Patriotismo, acima de tudo, é trabalho

 

Três acontecimentos envolvendo países longínquos do nosso Brasil me motiva a refletir neste 7 de setembro, data da Independência da Nação. O primeiro ocorreu em Mianmar, em fevereiro deste ano, com um golpe militar que impôs nova ordem naquele país que já foi chamado de Birmânia e que tem entre suas lideranças uma Prêmio Nobel da Paz, Augn San Suu Kyi. Aliás, Suu Kyi consiste na principal protagonista da cena pública de Mianmar, e há oito semanas está sem contato com seus advogados. A líder segue detida pelas forças militares e acumula acusações de seus opositores.

Os acontecimentos no Afeganistão, com a destituição de um governo que tinha os Estados Unidos no arco de aliança e a retomada do controle político pelo Taleban, uma força bélica com fortes princípios radicais, e mais recentemente o golpe militar aplicado na República da Guiné, país de idioma francês na costa africana do Atlântico, fecham os movimentos políticos ocorridos num mundo tão distante do Brasil, mas que reverberam por aqui sim. Radicalização nunca foi e nunca será a alternativa mais apropriada para solucionar problemas. Principalmente quando se trata de questões complexas e multifacetadas, como a falta de emprego, o avanço da condição de vulnerabilidade social das comunidades menos favorecidas ou os entraves constantes da educação pública. Esta última, agravada pelo isolamento imposto pela pandemia de covid-19.

Outro dia, na abertura da Semana da Pátria, ouvi um líder municipal declarar a seguinte frase: “Nossa luta é aqui e agora, é pelo emprego, pela alimentação das famílias carentes, pelo aquecimento do comércio”. Sim, estes são caminhos práticos e eficientes da Independência. Muito tem se enaltecido o patriotismo e recorro a um dos maiores patriotas e orgulho deste Brasil para sintetizar em poucas palavras o que é o patriotismo: patriotismo, acima de tudo, é trabalho. Quem disse isso foi Rui Barbosa, um dos maiores políticos da chamada República Velha e gênio da advocacia brasileira, o Águia de Haia.

Patriotismo não é vestir uma camiseta amarela no 7 de Setembro e no dia seguinte humilhar os funcionários, ridicularizar quem está na fila para receber o Bolsa Família e nem dar ouvidos para quem pensa política de modo diferente da sua. Até porque democracia é isso: conviver harmoniosamente com as diferenças, ouvir aquele cara que pensa mais à esquerda e o outro que raciocina à direita. O contrário de política é guerra, é intolerância e conflito armado. O Brasil é uma das maiores democracias do mundo e tem todos os atributos para que continue sendo. Popularidade política se conquista com trabalho, com sinceridade no fazer da política, com o olho no olho e, muitas vezes, falando não quando o público quer mesmo é ouvir o sim.

Quantas vezes ouvi que determinado político era sem educação. Mas, quando chequei o que havia acontecido de verdade, o político apenas tinha sido sincero e sustentado argumentos contrários ao que aquelas pessoas que o criticaram reivindicavam. Reitero as palavras de Rui Barbosa: patriotismo é trabalho. Contudo, quando não se tem trabalho pelo estrangulamento da economia, o patriotismo se faz com solidariedade e com inteligência para que novas oportunidades surjam para todos.

Ramon Barbosa Franco, 41 anos, é escritor e jornalista, autor de ‘A próxima Colombina’, ‘Contos do Japim’, ‘Getúlio Vargas, um legado político’ e das narrativas inéditas ‘Os canônicos’, ‘Canavial, os vivos e os mortos’ e ‘Dias de pães ázimos’ (e-mail: Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo.)

Ramon Franco Por Ramon Franco

 

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