Divulgação/Reprodução
Da redação, 30/01/2022
Quem revelou o esconderijo de Anne Frank?
77 anos depois o judeu Arnold van den Bergh é apontado como o principal suspeito de ter revelado o esconderijo da família Frank aos nazistas
O diário de Anne Frank (1947), é uma das obras mais importantes do século XX. Depois de ouvir um programa de rádio que incentivava as pessoas a escrever sobre os eventos ligados à Segunda Guerra Mundial, Anne decide escrever um diário.
Ela não imaginava, mas estava prestes a produzir um dos relatos mais importantes sobre a perseguição aos judeus. E ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro.
A menina judia narra em primeira pessoa os seus sonhos, sentimentos, inseguranças, medos, frustações, descobertas e pequenas alegrias. A sua relação com a família, amigos e colegas do esconderijo.
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Anne e sua família usaram as armas que tinham para sobreviver as atrocidades e horrores do Holocausto, considerado o maior genocídio do século XX, patrocinado pelo Estado nazista, sob a liderança de Adolf Hitler.
Cerca de seis milhões de judeus foram assassinados em massa (mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens morreram) durante o período.
Quem denunciou o esconderijo?
A obra, The Betrayal of Anne Frank (“A traição de Anne Frank”, em tradução livre), lançada no último dia 18 pela autora canadense Rosemary Sullivan, ainda sem versão em português, promete jogar luz sobre uma investigação que havia sido arquivada.
Sullivan se debruçou por seis anos sobre os documentos que identificam o judeu Arnold Van Den Bergh, que atuava como notário, como o principal suspeito de ter revelado o escoderijo de Anne Frank e sua família para os nazistas.
Uma das principais motivações do delator seria proteger a própria família. Bergh também teria denunciado outros endereços, segundo os documentos a sua atuação teria dado certo, ele salvou a própria família e morre cinco anos depois do fim da guerra, em 1950.
O Diário de Anne Frank
Anne nos transporta ao esconderijo no anexo secreto de uma casa em Amsterdã, a narrativa em primeira pessoa se concentra na experiência do confinamento a partir de 12 de junho de 1942 e segue até 1 de agosto de 1944. Durante mais de 300 páginas nos tornamos íntimos de Anne e sua família.
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Sentimos as consequências do confinamento prolongado, a deterioração da saúde física e mental, os ataques de pânico causados pelo medo de serem descobertos. Também há o temor de serem atingidos por um bombardeio. O sentimento de esperança e angústia se alternam de maneira frenética. A ajuda internacional que trava guerra contra os nazistas chegaria a tempo?
(Foto 2)
É um relato corajoso, sincero e tocante, capaz de provocar diferentes reações. O ponto de vista de Anne traz as consequências diretas sofridas pelos perseguidos, além de questionamentos contundentes sobre as motivações para tantas atrocidades:
“Depois de maio de 1940... primeiro veio a guerra, depois a capitulação... a chegada dos alemães, e foi então que começaram os sofrimentos dos judeus. Nossa liberdade foi gravemente restringida... Eu não ouso fazer mais nada pois tenho medo de ser algo proibido... Qual é o sentido da guerra? Por que, por que as pessoas não podem viver juntas em paz? Por que toda essa destruição?... Por que gastam-se milhões com a guerra a cada dia, enquanto não existe um centavo para a ciência médica, para os artistas e para os pobres? Por que as pessoas têm que passar fome? Quando montanhas de comida apodrecem em outras partes do mundo? Ah, por que as pessoas são tão malucas?...”
(trecho de o O diário de Anne Frank)
Após a denúncia em 1944, a família Frank foi capturada e transportada ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Anne morreu aos 15 anos, em fevereiro de 1945, depois de ter contraído febre tifoide no campo de Berger-Belsen, onde também teria enfrentado condições precárias como fome e frio. Sua irmã Margot, que também teve a doença partiu antes dela.
Para saber mais:
O Museu Anne Frank oferece um tour guiado pela casa de Anne Frank, para quem não pode ir até Amsterdã.
Acesse aqui.
Leia “O diário de Anne Frank”, 351 páginas, tradução Alves Calado, Editora Record.
Legenda foto 1: Arnold van den Bergh é apontado como o principal suspeito de denunciar a localização do esconderijo de Anne Frank e família
(Foto: Anne Frank House/Reprodução/Facebook/The Jewish Cultural Quarter of Amsterdam)
Legenda foto 2: O acesso ao esconderijo secreto era alcançado por uma escada que ficava escondida atrás de uma estante
(Foto: Anne Frank House/Reprodução/Facebook)